Para o Sebrae, os empreendedores de mais idade possuem um perfil diverso de renda e de motivação para abrir o próprio negócio – por necessidade ou por oportunidade. Mas há uma tendência positiva de que a oportunidade seja o principal impulso.
“Esse empreendedor sempre teve o sonho de trabalhar por conta própria; mas, enquanto tinha um emprego de carteira assinada, não arriscou. Agora, resolveu ir com tudo”, diz o presidente do Sebrae. “A necessidade o impulsionou, mas vemos um pouco de oportunidade também, porque já havia um projeto desenhado na gaveta.”
O economista Celso Possas Junior exemplifica bem esse tipo de empreendedor, que une necessidade de paixão. Aos 50 anos de idade, resolveu abandonar o emprego em uma multinacional para abrir uma editora própria, chamada Itapuca.
“Empreendi por necessidade, mas de ordem sentimental: tinha o sonho de escrever e produzir meus próprios livros. Combinei isso com uma oportunidade de mercado: muitos autores possuem um livro sem espaço nas grandes editoras e um sonho parecido com o meu”, conta o empreendedor.
Ele era um leitor ávido, e depois passou a escrever seus próprios romances. Tentou lançar uma editora em 1999, para produzir dois livros, mas a rotina de trabalho e viagens não permitiu que o negócio fosse para frente. Ele passou a escrever nos fins de semana, sonhando em ser escritor algum dia.
“Ano passado completei 50 anos de idade e resolvi: não vou mais esperar aquela quantia de dinheiro ou aquele dia: vou realizar o meu sonho agora. Conversei com meus filhos sobre a inevitável queda no meu padrão de vida e pedi demissão. Agora vivo preocupado com dinheiro, mas nunca pensei que pudesse ser tão feliz.”
Possas Junior é microempreendedor individual e emprega uma estagiária e seis prestadores de serviço. Divide o tempo entre escrever, produzir, distribuir, vender e divulgar livros. Para ele, a vantagem em empreender aos 50 anos de idade é clara: experiência.
“Um empreendedor, aos cinquenta anos, já passou por muita coisa, de produtos excelentes a empresas quase quebrando, e já observou todo tipo de bons e maus exemplos de planos de negócio”, afirma o empreendedor.
“Ao mesmo tempo, vejo duas desvantagens em empreender por um caminho novo aos cinquenta anos. Primeiro: é preciso desenvolver o network da área mais rápido do que o normal, sem a obtenção gradual de relacionamentos. Também não é fácil fazer planejamento de longo prazo.”
Como incentivar o empreendedorismo dos mais experientes?
Afif cita algumas medidas que podem contribuir para incentivar a criação de novos negócios por quem é mais experiente.
Primeiro passo: não atrapalhar. “Você precisa ter um ambiente econômico amigável, que não hostilize quem empreende”, defende o presidente do Sebrae.
Outras medidas benéficas seriam a simplificação da burocracia, especialmente para abertura e fechamento de empresas; a introdução de um sistema tributário menos penoso, que permita o crescimento sem medo da possível mudança de faixa de imposto; o acesso ao crédito, que é muito restrito atualmente; e, por fim, o maior incentivo à qualificação empreendedora.
Fonte: Portal Exame