Investimentos dos fundos de pensão sofrem com a crise

04/12/2020

2020 está chegando ao fim com um cenário pessimista no ponto de vista econômico, por conta das incertezas quanto ao impacto da crise provocada pela Covid-19 e que ainda afeta o desempenho da maioria dos ativos. A pandemia permanece assolando o mundo e continua a provocar um “efeito montanha russa” no mercado financeiro em escala global, com períodos de recuperação seguidos de quedas, criando uma situação de volatilidade que não exime o segmento de previdência complementar no Brasil e no mundo.

Relatório publicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) registra que, após alcançarem rentabilidades satisfatórias ao fim de 2019, o total de ativos geridos pelos fundos de pensão localizados nos países membros daquela organização atingiu US$ 32,3 trilhões. No encerramento do primeiro trimestre de 2020, o efeito da crise já havia provocado a retração de 8% nesse valor, passando o total de ativos a equivaler US$ 29,8 trilhões (dados do Pension Funds in Figures, OECD: June/2020).

No Brasil, por sua vez, de acordo com a última edição disponível do Relatório de Estabilidade da Previdência Complementar elaborado pela Previc (julho de 2020), ao fim de 2019, o sistema apresentava equilíbrio entre os montantes de superávits e déficits, com resultado positivo agregado em torno de R$ 400 milhões. Porém, com a eclosão da crise em março de 2020, o total de déficits — que era de R$ 26 bilhões no final de 2019 — aumentou abruptamente para R$ 53,4 bilhões em maio de 2020. Com os bons resultados obtidos pelo segmento em julho, o total de perdas foi bastante amenizado, mas os resultados de setembro mostraram novamente o agravamento do déficit total do setor.

Conforme já havíamos informado anteriormente, a equipe de gestão de investimentos da Prevdata mantém-se atenta a essas oscilações conjunturais, que são sazonais e não abalam o histórico de boa rentabilidade obtido no longo prazo (relembre aqui). Todavia, a realização de estudos atuariais para adequação da Entidade a um cenário pessimista em 2021 é latente e, nesse sentido, análises preliminares já apontam possíveis impactos no reajuste das rendas programadas dos assistidos do plano CV – Prevdata II a partir do ano que vem.

“O ótimo resultado da rentabilidade líquida nos anos anteriores permitiu à Prevdata reduzir a taxa atuarial e repassar um aumento médio na renda programada acima da inflação para os assistidos do plano CV”, lembra Fábia Alves Benitah, Coordenadora de Atuária e Benefícios. “Como o retorno de 2020 está sendo fortemente impactado pela pandemia, com índices para baixo em escala global, a perspectiva para 2021 é de que não haja aumento nas rendas do CV, podendo haver inclusive leve recuo”, finaliza.