Três são os principais desafios enfrentados hoje pelos gestores de investimentos de entidades fechadas, segundo foi possível sentir em evento promovido pela Mercer-Gama na última terça-feira (6), em Brasília, e que reuniu ao mesmo tempo instituições e dirigentes de EFPCs. O primeiro ponto a desafiar a todos é a quase obrigatoriedade de diversificar as carteiras, dentro da ideia de se reduzir os riscos. Alocar em diferentes segmentos e em ativos com baixa correlação virou a essa altura uma obrigação.
O segundo ponto envolve o risco de reinvestimento: com a confirmação do cenário de redução das taxas de juros, as entidades têm que analisar melhor que nunca esse aspecto, rever seus fluxos de caixa e, na medida do possível, adequar a carteira. O evento mostrou também como terceiro aspecto a chamar a atenção a questão da educação financeira contínua: mais do que passar para os participantes conceitos de finanças, as entidades devem orientar seus participantes para um planejamento financeiro de longo prazo. Esse processo deve ser permanente e ajudará os participantes na sua vida no futuro e no desenvolvimento do próprio sistema.
O evento da Mercer-Gama, que foi aberto pelo Diretor Geral da Mercer Gama, Antonio Fernando Gazzoni, e contou na sua abertura com o Diretor de Normas da Previc, Christian Catunda, e o Subsecretário do Regime de Previdência Complementar, Paulo Cesar dos Santos, teve como pano de fundo o forte impacto da crise política sobre as projeções macroeconômicas e as definições de investimentos. A pesquisa, então divulgada por Raphael Santoro e Lucas Schmidt, ambos da Mercer, foi realizada em abril e atualizada em maio, sendo que participaram dessa atualização 12 dos principais gestores de recursos de investidores institucionais que atuam no País.
Projeções macroeconômicas – Em relação ao crescimento da economia brasileira, a mediana das respostas indicava antes um crescimento do PIB de 0,39% para 2017. Verificou-se depois que as respostas tiveram uma discreta redução quando comparadas com as expectativas apontadas em abril, o que mostra algum pessimismo com a recuperação da economia brasileira após os últimos fatos.
Para a inflação, a mediana esperada foi de um IPCA em 3,90% para 2017 e de 4,30% em 2018. Já para o dólar, os gestores indicaram uma taxa de câmbio média de R$3,37/US$, em 2017, e R$3,52/US$, em 2018. Nesses casos, mesmo após as denúncias ocorridas no cenário político, as expectativas ainda são de que teremos um arrefecimento no crescimento dos preços aos consumidores e pequenas variações no câmbio.
Renda fixa e variável – As expectativas para o mercado de renda fixa são para uma Selic no fim do ano e início de 2018 em 8,50% (mediana das indicações). Foi apontado a continuação da redução das taxas de juros e, com isso, a rentabilidade média esperada para 2017 para os índices IRF-M (13,80%) e IMA-B (15,03%) ficaram acima do IMA-S esperado (10,23%). Em relação às taxas indicativas para as NTN-B, ficaram na média pouco abaixo de 5% para o fim de 2017.
Na renda variável, ainda se indica uma expectativa de rentabilidade positiva, com o índice Ibovespa chegando a 72.250 pontos na média em 2017 e, a 82.280 pontos, em 2018. Os setores mais atrativos indicados foram Bancos, Energia Elétrica e Varejo. Os menos indicados foram Mineração, Telecomunicações e Seguros. No segmento internacional, a expectativa média em 2017 para o MSCI é de 7,81% e, para o S&P500, de 7,59%.
Por fim, em relação às estratégias de investimentos, as indicações para a renda fixa ainda são relacionadas aos ganhos com a redução das taxas de juros, refletidas nos prefixados (88% dos gestores indicaram uma perspectiva positiva) e indexados à inflação (75%). Os ativos privados também foram indicados como possibilidades com boa perspectiva por 71% dos gestores. Na renda variável, as estratégias indicadas foram “Valor” (88%) e “Retorno Absoluto” (83%).
A pesquisa indica que ainda existe muita insegurança para a tomada de decisões de investimentos. A continuidade nas reformas propostas e a manutenção de uma política econômica clara são essenciais para a redução da volatilidade que vem sendo observada nos últimos meses.
Fonte: Diário das Entidades Fechadas de Previdência Complementar